Contos de Terror, de Mistério e de Morte - BERENICE - por Edgar Allan Poe
Falando sobre o autor:
Edgar Allan Poe (1809 - 1849)
Escritor Americano, nascido em Boston, filho de atores, teve uma vida conturbada, sua irmão tinha problemas psicológicos,
seu pai abandonou a família, e em 1811 sua mãe faleceu. Foi criado por Francis e John Allan, de quem adotou o nome. Carregava consigo a hereditariedade alcoólica do pai e o medo de perder a inteligência de que tinha orgulho devido a debilidade de sua irmã Rosália.
Viveu na miséria e sempre na busca por estabilidade, passou por várias cidades americanas trabalhando em jornais e revistas onde publicou seus textos.
Suas obras são o retrato da dicotomia de sua personalidade, ou seja, era um homem que vivia duas naturezas, uma angelical e outra satânica.
No entanto, Poe conhecia sua fraqueza e a condenava. Tanto que os personagens fracos, viciosos e conturbados de seus contos nunca são exaltados ou elogiados, mas lamentados, e muitas vezes condenados a pagar com a morte pelos próprios vícios. Na realidade seus personagens refletem os medos, as fobias e os transtornos vivenciados pelo próprio autor.
Devido às circunstâncias de sua vida Poe aperfeiçoou-se em histórias curtas, ou seja, nos contos. Mas o que distingue seus contos dos clássicos ou do romance de terror, é a autenticidade e a realidade características de sua obra.
O tema mistério e morte sempre nortearam seus textos, os quais descreve com intensidade e realidade impressionantes.
"O medo descrito por Poe é um medo real, um medo que está dentro do indivíduo."Escritor Jaques Cabau.
Alguns contos:
Berenice, O Poço e o Pêndulo, O Gato Preto, A Queda do Solar Usher, a Carta Roubada, entre outros.
Alguns poemas:
O Corvo, A Cidade do Mar, Para Helena, entre outros.
BERENICE
Publicado originalmente na Southern Literary Messenger em 1835
Berenice e Egeu eram primos e cresceram juntos no solar da família. Em criança eram pessoas opostas, Egeu um rapaz introspectivo e dedicado à meditação, ela, ágil, graciosa e exuberante.
Egeu é o narrador-personagem deste conto, e portanto justifica sua reclusão devido à dedicação dada aos livros tanto que no conto ele se reporta em vários momento à biblioteca da casa; já Berenice, como dito pelo próprio Egeu transbordava beleza.
Na fase adulta Berenice é acometida de um mal que a transforma totalmente, uma doença, que de início era apenas um problema mental que com o passar do tempo também a acomete fisicamente, deixando para trás toda sua beleza e exuberância. Neste momento Egeu se atrai pela única coisa em Berenice que não se alterou apesar de tudo, seus dentes, ou seja, aquilo que remetia à Berenice bela e saudável e portanto ele se apega a isso de forma obsessiva.
Chega então o dia da morte de Berenice, morte pressentida mas não entendida por Egeu até o momento em que este é trazido à realidade ao recebr a notícia.
Ao ver o corpo Egeu fica consternado e tem a impressão de que o rosto de Berenice sorri para ele e percebe um suave movimento da mão, cena que o faz sair correndo do quarto.
Egeu acaba dormindo e quando acorda à meia-noite entende que pelo tardar da hora a prima já foi sepultada.
Na biblioteca, onde acabara dormindo, percebe uma pequena caixa a qual pertencia ao médico da família mas que não entendo como foi parar ali, e muito menos ainda porque seu corpo estremecia ao olhá-la. Neste momento escuta gritos pela casa e um empregado adentra a biblioteca e avisa que o túmulo de Berenice foi violado e o corpo, ainda com vida, estava desfigurado. Foi quando o empregado notou o sangue nas roupas de Egeu e que suas mãos estavam arranhadas por unhas humanas.
Egeu fica perplexo, ainda mais quando olha para o canto do quarto e percebe a presença de uma pá. Nervoso e na tentativa de abrir a caixa deixa-a cair e é quando de dentro dela caem instrumentos de cirurgia dentária e "...duas coisas brancas, pequenas, como que de marfim, que se espalharam por todo o assoalho."
E assim termina este conto. A forma como Poe descreve os acontecimentos é arrebatadora, ele trabalha todo o tempo com a mente do protagonista minuciando seus pensamentos.
Não é o tipo de texto a ser lido sem pretensão, deve-se ler com muita atenção e minucia já que corre-se o risco de, não o fazendo, deixar passar detalhes importantes e até mesmo não entendê-lo.
Acredito que ler Poe é um aprendizado.
Um abraço e boa leitura.
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