Livros gatos e literatura

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domingo, 12 de junho de 2016

Berenice - Edgar Allan Poe


Contos de Terror, de Mistério e de Morte - BERENICE - por Edgar Allan Poe



Falando sobre o autor:

Edgar Allan Poe (1809 - 1849)

Escritor Americano, nascido em Boston, filho de atores, teve uma vida conturbada, sua irmão tinha problemas psicológicos, 
seu pai abandonou a família, e em 1811 sua mãe faleceu. Foi criado por Francis e John Allan, de quem adotou o nome. Carregava consigo  a hereditariedade alcoólica do pai e o medo de perder a inteligência de que tinha orgulho devido a debilidade de sua irmã Rosália. 

Viveu na miséria e sempre na busca por estabilidade, passou por várias cidades americanas trabalhando em jornais e revistas onde publicou seus textos.

Suas obras são o retrato da dicotomia de sua personalidade, ou seja, era um homem que vivia duas naturezas, uma angelical e outra satânica. 

No entanto, Poe conhecia sua fraqueza e a condenava. Tanto que os personagens fracos, viciosos e conturbados de seus contos nunca são exaltados ou elogiados, mas lamentados, e muitas vezes condenados a pagar com a morte pelos próprios vícios. Na realidade seus personagens refletem os medos, as fobias e os transtornos vivenciados pelo próprio autor. 

Devido às circunstâncias de sua vida Poe aperfeiçoou-se em histórias curtas, ou seja, nos contos. Mas o que distingue seus contos dos clássicos ou do romance de terror, é a autenticidade e a realidade características de sua obra.

O tema mistério e morte sempre nortearam seus textos,  os quais descreve com intensidade e realidade impressionantes.


O mérito de Poe está  em como ele contava suas histórias, já que seus contos são o oposto dos contos de terror clássicos, ou seja, ao invés de criar um mundo assustador e incluir nele um ser humano normal ele inverte as posições, ele lança um indivíduo perturbado mentalmente em um mundo normal, o que é fantástico, já que deste tipo de horror ninguém está livre, não é irreal, dá medo mesmo!!

"O medo descrito por Poe é um medo real, um medo que está dentro do indivíduo."Escritor Jaques Cabau.

Alguns contos:
Berenice, O Poço e o Pêndulo, O Gato Preto, A Queda do Solar Usher, a Carta Roubada, entre outros.

Alguns poemas:
O Corvo, A Cidade do Mar, Para Helena, entre outros.




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 BERENICE

Publicado originalmente na Southern Literary Messenger em 1835

Berenice e Egeu eram primos e cresceram juntos no solar da família. Em criança eram pessoas opostas, Egeu um rapaz introspectivo e dedicado à meditação, ela, ágil, graciosa e exuberante.

Egeu é o narrador-personagem deste conto, e portanto justifica sua reclusão devido à dedicação dada aos livros tanto que no conto ele se reporta em vários momento à biblioteca da casa;  já Berenice, como dito pelo próprio Egeu transbordava beleza.

Na fase adulta Berenice é acometida de um mal que a transforma totalmente, uma doença, que de início era apenas um problema mental que com o passar do tempo também a acomete fisicamente, deixando para trás toda sua beleza e exuberância. Neste momento Egeu se atrai pela única coisa em Berenice que não se alterou apesar de tudo, seus dentes, ou seja, aquilo que remetia à Berenice bela e saudável e portanto ele se apega a isso de forma obsessiva.
Chega então o dia da morte de Berenice, morte pressentida mas não entendida por Egeu até o momento em que este é trazido à realidade ao recebr a notícia.

Ao ver o corpo Egeu fica consternado e tem a impressão de que o  rosto de Berenice sorri para ele e percebe um suave movimento da mão, cena que o faz sair correndo do quarto.

Egeu acaba dormindo e quando acorda à meia-noite entende que pelo tardar da hora a prima já foi sepultada.

Na biblioteca, onde acabara dormindo, percebe uma pequena caixa a qual pertencia ao médico da família mas que não entendo como foi parar ali, e muito menos ainda porque seu corpo estremecia ao olhá-la. Neste momento escuta gritos pela casa e um empregado adentra a biblioteca e avisa que o túmulo de Berenice foi violado e o corpo, ainda com vida, estava desfigurado. Foi quando o empregado notou o sangue nas roupas de Egeu e que suas mãos estavam arranhadas por unhas humanas.

Egeu fica perplexo, ainda mais quando olha para o canto do quarto e percebe a presença de uma  pá. Nervoso e na tentativa de abrir a caixa deixa-a cair e é quando de dentro dela caem instrumentos de cirurgia dentária e "...duas coisas brancas, pequenas, como que de marfim, que se espalharam  por todo o assoalho."

E assim termina este conto. A forma como Poe descreve os acontecimentos é arrebatadora, ele trabalha todo o tempo com a mente do protagonista minuciando seus pensamentos.

Não é o tipo de texto a ser lido sem pretensão, deve-se ler com muita atenção e minucia já que corre-se o risco de, não o fazendo, deixar passar detalhes importantes e até mesmo não entendê-lo. 

Acredito que ler Poe é um aprendizado.

Um abraço e boa leitura.









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